quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O FANATISMO RELIGIOSO ENTRE OUTROS.


Em nossa época, supostamente dominada pela ciência e pela tecnologia, o fanatismo parece ser uma reação made in recalcado do inconsciente da humanidade. Fanatismo vem do latim fanaticus, quer dizer "o que pertence a um templo", fanum. O indivíduo fanático ocupa o lugar de escravo diante do senhor absoluto, que, pode ser uma divindade, um líder mundano, uma causa suprema ou uma fé cega. O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais  que visa  servir à um ser  poderoso empenhado na luta contra o Mal. Ou seja, o fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelo demônio"  , "combater as forças do Mal" ou "salvar a humanidade" do caos.

Tendo origem no dogma religioso, o fanatismo não se restringe a esse campo único; existe fanatismo por uma raça, um time de futebol, por um partido político, sobretudo por ideologias revolucionárias quando extrapolam a dimensão racional, sentindo-se guiada pela "fantasia da escolha divina".  Foi fanatismo religioso que fez muitos seguirem Jin Jones (Templo do Povo), Asahara (Verdade suprema), David Koresh (Ramo dravidiano), Jo Dimambro (Templo Solar) e tantos outros místicos ou charlatães que terminaram causando tragédias coletivas, noticiadas no mundo todo. A história conheceu também os histerismos coletivos da "caça as bruxas", a perseguição aos negros, índios, comunistas, homossexuais, prostitutas.  O movimento do Jihad islâmico contra os “infiéis do ocidente” e a “guerra aos terroristas" do ocidente cristão demonstra que o fanatismo está vivo e atuante em nossa época supostamente "científica" e "tecnológica". Precisamos admitir que, a história da humanidade é também a história dos vários fanatismos dominando grupos humanos, sempre com conseqüências trágicas. Esse pedaço da história renegado nos causa vergonha, medo e sinalizam alertas para possíveis efeitos negativos no rumo da civilização.

Como dissemos, o fanatismo atua para além do efeito religioso, mas não extrapola ao campo ideológico como um todo. Há fanatismo entre crentes de todo o tipo, do menos ao mais irracional. Mas, não existe fanatismo racional, em que pese o fato de um certo tipo de razão (instrumental, cínica, etc.) também ter cometidos os seus desatinos e crimes.  Assim, para o fanático religioso, não basta adorar um Deus visto como Senhor absoluto, é necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior, pregar, exorcizar, forçar os "infiéis" ou "divergentes" à conversão absoluta, à qualquer preço. O fanático está sempre disposto a dar provas do quanto sua causa suprema vale mais do que as próprias vidas: dele, de sua família ou mesmo de toda a humanidade. Ele mata por uma idéia e igualmente morre por ela.

Os sintomas do fanatismo são:

 Em grupo, são: orações, privações, peregrinações, jejum, discursos monológicos e martírios que podem terminar com o sacrifício da própria vida visando salvar o mundo das "trevas" ou do que ele entende ser "o mal".
O fanático não fala, faz discursos; é portador de discursos  prontos cujo efeito é a pregação de fundo religioso ou a inculcação política de idéias que poderá vir a se tornar ato agressivo ou violento, tomado sempre como revelação da "ira de Deus" ou "a inevitável marcha da história" ou, ainda, a suposta "superioridade de uns sobre os demais". Faz discursos e não fala, porque enquanto a fala é assumida pelo sujeito disposto ao exercício do diálogo, da dialética, do discernimento da verdade, os discursos - especialmente o discurso fanático - fazem sumir os sujeitos para que todos virem meros objetos de um desejo divinizado; servir ao desejo divino e à produção da repetição de algo já pronto, onde o retorno do recalcado do sujeito faz do Eu (ego) um porta-voz de um sistema de crenças moralistas carregado de ódio em relação ao suposto inimigo ou adversário que precisa ser destruído para reinar o Bem.

Os textos sagrados, tomados literalmente, fornecem a sustentação "teórica" do discurso fundamentalista religioso; com ele, o indivíduo acredita, a priori, estar de posse de toda a verdade e por isso não se dá ao trabalho de levantar possíveis dúvidas, como confrontar com outro ponto de vista, ou desvelar outro sentido de interpretação, ou ainda, contextualizá-lo, etc. O fanático tem certeza e isso lhe basta. Creio porque é absurdo, já dizia Tertuliano. Certeza para ele é igual a verdade. (Segundo Popper, no campo científico, a certeza nada vale porque é "raramente objetiva: geralmente não passa de um forte sentimento de confiança, ou convicção, embora baseada em conhecimento insuficiente", já a verdade tem estatuto de objetividade, na medida em que "consiste na correspondência aos fatos", na possibilidade da discussão racional com sentido de comprovação. (Popper, 1988, p. 48).

O problema da religião não é a paixão "fé", mas a inquestionalidade de seu método. O método de qualquer religião traz uma certeza divulgada em forma de monólogo, jamais de diálogo ou debate de idéias. O pastor, padre, rabino, ou qualquer pregador de rua, vivem o circuito repetitivo do monólogo da pregação; acreditam que "vale tudo" para difundir a "verdade única" que o tocou e o transformou para sempre! O estilo fanático usa e abusa do discurso monológico delirante, declarações, comunicados, que jamais se voltam para  escuta ou o diálogo, exercício esse que faria emergir a verdade - não a "certeza".

Psicopatologia do fanatismo:

Do ponto de vista psicopatológico, todo fanatismo parece ter relação com a fuga da realidade.  A crença cega ou irracional parece loucura quando se manifesta em momentos ou situações específicas, porém se sua inteligência não está afetada, o fanático aparentemente é um sujeito normal. No entanto, torna-se um ser potencialmente explosivo, sobretudo se o fanatismo se combinar com uma inteligência  tecnologicamente preparada. Fanático inteligente é um perigo para a civilização. O terrorismo, por exemplo, que atua com a única meta de destruir inimigos  aleatórios são realizados por indivíduos fanáticos cuja inteligência é instrumentada apenas para essa finalidade. No terrorismo é uma das expressões do fanatismo combinado com uma inteligência tecnológico, mas totalmente incapaz de exercitá-la por meios mais racionais, políticos e legais. Para o terrorismo sustentado no fanatismo, os inocentes devem pagar pelos inimigos; a destruição deve ser a única linguagem possível e a construção de um novo projeto político-econômico, não está em questão, porque a realidade no seu todo é forcluída
O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica. O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta, de "ter sido escolhido por Deus para uma missão "x", já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem aí uma loucura ou psicose. Mas, seguindo o raciocínio de Freud, vemos que "aquilo que o psicótico paranóico vivencia na própria pele, o parafrênico experiência na pele do outro" , ou seja, somos levados a supor que o fanatismo está mais para a parafrenia que para a paranóia. Hitler, antes considerado um paranóico, hoje é mais aceito enquanto parafrênico , pois seus atos indicam sua idéia fixa pela supremacia da raça ariana e a eliminação dos "impuros"; mais ainda, o gozo psíquico do parafrênico não se limita "ser olhado" ou "ser perseguido", tal como acontece com paranóicos, mas sim se desenvolve "uma ação inteligente de perseguição e extermínio de milhares de seres humanos", donde extrai um quantum de gozo sádico. Portanto, deve existir membros de um grupo de fanáticos paranóicos, mas certamente o pior fanático é o determinado pela parafrenia, pois visa de fato destruir em atos calculados "os impuros", "os infiéis", enfim, todos os que não concordam com ele.
Hitler e seus comparsas usaram de inteligência para inventar e administrar a chamada "solução final" contra os judeus, porém, antes de ser este um fato criminoso era uma exigência interna de seu próprio psiquismo. Na parafrenia vigora a compulsão de observar e atuar o ser do Outro como alimentador de seu delírio interno. O parafrênico "faz acting out em nome de..." e jamais assume seu ato criminoso, pondo a responsabilidade em alguém que para ele encarna o "mal". Para sua "lógica", as vítimas são os únicos responsáveis. É curioso observar que ontem os judeus se agarravam ao sacrifício do holocausto  como modo de explicação da tragédia em que eram vítimas, mas hoje a ultra direita israelense, no poder, parece resgatar dos nazistas essa terrível idéia da "solução final" contra os palestinos. "Quem lutou muito contra dragão, também vira dragão", diz um antigo provérbio chinês.
Os fanáticos pela "solução final" dos judeus, no Julgamento de Nuremberg, não se consideravam culpados ou com remorsos pelo extermínio coletivo. Goering, considerado o segundo homem depois de Hitler, tentou se defender segundo o princípio de sua lealdade e fidelidade para com o Führer; "cumprira ordens" e "nenhuma vez ele se considerou um criminoso". Eis a "razão cínica": a culpa pelo genocídio era dos próprios judeus gananciosos por dinheiro, não de seus carrascos nazistas. Os israelenses da "era Sharon" também não se responsabilizam pelos atos criminosos de Israel contra os palestinos generalizados como terroristas.
Se no fanatismo o sujeito inexiste para dar lugar ao Senhor absoluto e maravilhoso, então faz sentido não assumir a sua própria responsabilidade, porque ela é "obra do Senhor" [Werk de herrn.] , "o Senhor quer que eu faça", "foi a mão de Allah" , etc. São mais do que frases, são efeitos de uma poderosa "fantasia da eleição divina" [sic!] onde o sujeito é nadificado para dar lugar ao discurso delirante da salvação messiânica. O mundo fanático foi dividido entre "os eleitos" e os que continuam nas trevas e que precisam ser salvos ou serem combatidos por todos os meios, pois "são forças do mal".
O famoso caso Schreber, analisado por Freud, que acreditava ter recebido um chamado de Deus para salvar o mundo, que lhe era transmitido por uma linguagem particular - só entre ele e Deus - , tornou-se o modelo psicanalítico para se pensar a relação loucura e fanatismo. Como já dissemos, o fanatismo é sustentado por sistema de crença delirante, psicótico, dominado por uma autoridade absoluta e invisível (Deus ou a causa da "supremacia da raça ariana", ou a "missão do povo judeu", ou "a Jihad islâmico”, "ou salvar o mundo do diabo", enfim, um significante posto no lugar "absoluto" que comanda a ação do grupo fanático, etc.). Segundo a psicanálise, isso poderia apontar para a hipótese de um "complexo paterno" de origem.
A leitura lacaniana fala de "um buraco no Nome-do-Pai, que produz no sujeito um buraco correspondente, no lugar da significação fálica, o que provoca nele, quando é confrontado com essa significação fálica, a mais completa confusão. É isso que desencadeia a psicose de Schreber, no momento em que ele próprio é chamado a ocupar uma função simbólica de autoridade, situação à qual só teria podido reagir com manifestações alucinatórias agudas, às quais a construção de seu delírio iria pouco a pouco fornecer uma solução, constituindo, no lugar da metáfora paterna fracassada, uma "metáfora delirante", destinada a dar um sentido àquilo que, para ele, era totalmente desprovido de sentido".

Os primeiros sintomas de fanatismo e suas estratégias de sedução:

O início de qualquer fanatismo consiste, em primeiro, reconhecermos um sujeito ou grupo estarem convictos, quando julgam de posse de uma certeza que recusa o teste da realidade. Nietzsche dizia que "as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras", porque quem mente sabe que está mentindo, mas quem está convicto não se dá conta do seu engano. "O convicto sempre pensa que sua bobeira é sabedoria". Até no campo científico, há cientistas correndo o perigo de tornarem-se convictos de suas teses. Edgar Morin analisa que quando algumas idéias se tornam supervalorizadas e adquirem um caráter de grandiosidade e absolutismo tende a levar os seus sujeitos a abdicarem de seu raciocínio crítico e se tornarem meros objetos dessas idéias. Indivíduos assim submetidos a tão grandes idéias, fazem qualquer coisa para "salva-las" de um possível furo de morte; elas funcionam como muleta existencial. Isso acontece principalmente no meio religioso, mas também pode ocorrer nos meios político, filosófico  e científico. 
O segundo sinal do fanatismo é quando alguém quer impor a todos de modo tirânico a "verdade" única extraída de sua inspiração ou crença absoluta. Pretende assim a uniformização via linguagem, através de aparência física, rituais e slogans do tipo: "O único Deus é Allah", "só Cristo salva", "Jesus Cristo é o Senhor", "somos o Bem contra o Mal", "Em nome do Senhor Jesus eu ordeno..." São expressões de caráter estereotipado, sustentado por uma "estrutura de alienação do saber", onde o discurso passa a falar sozinho, é uma resposta que está no gatilho, pronta para qualquer emergência que o sujeito não quer pensar. Observem o caráter tirânico, narcisista e excludente dessas afirmativas. Todos possuem uma visão que nega outros modos de crer e pensar. O mesmo acontece nos auto-elogios das pessoas de raça branca e o desprezo pelas outras como proclamam os fanáticos da extrema direita, nas ações violentas de uma torcida sobre a outra, todos, sinalizam que o indivíduo se rende ao grupo e este "a causa". Os recém convertidos de qualquer seita religiosa ou política estão sempre convictos que, finalmente, contemplam a verdade e essa tem que ser imposta a todos, custe o que custar.
O terceiro indicativo de fanatismo, já dissemos, é quando uma pessoa passa a colocar uma causa suprema (podendo esta ser justa ou delirante) acima da vida dela e dos outros.
Quarto, quando um indivíduo e/ou grupo se isolam da convivência familiar e social e adotam um modo de vida narcísico (no igual modo de vestir, de cortar ou não cortar o cabelo, no jeito de falar, nas regras de comer, na ritualística, etc.), enfim, quando uniformizam seu discurso, gestos, postura, atitudes em geral e punem os que se recusam a seguir as regras impostas. Entrar para um grupo de fanáticos implica em renunciar: pai, mãe, os filhos, os amigos, o lugar onde viveu o trabalho, enfim, os membros são persuadidos a matarem os vestígios simbólicos da vida anterior para fazer renascer a vida em outra base moral e de fé.
Quinto, quando o indivíduo e/ou grupo perdem o bom-senso na lógica da comunicação e nas ações do cotidiano. O discurso passa a ser repetitivo e estranho à vida comum.
O sexto indício de fanatismo é quando se perde o sentido de respeito e humanidade para com os diferentes, em nome de uma causa transcendente.
O psicólogo francês, J-M. Abgrael, resume o método de doutrinação fanática em 3 etapas: 1o) sedução das pessoas para a "causa"; 2o) destruição da antiga personalidade, eliminação dos elos familiares, sociais e profissionais e 3o) construção de uma nova personalidade "renascida" ou "renovada", de acordo com o modelo e as regras da seita.  Geralmente essa passagem da vida normal para a vida "renovada", há um ritual, algum tipo de batismo, onde se inicia a adoção de um novo nome, novos hábitos, apresentação de novas "famílias". Sentir-se incluso num grupo "de irmãos" ou "de luta pela causa" "é como estar apaixonado; surge uma sensação maravilhosa, tudo passa a fazer sentido na vida, a pessoa se sente acolhida e imensamente alegre". O indivíduo passa a se ver se modo especial, diferente dos demais para realizar a missão elevada; se vê inundado por um sentimento grandioso que Freud chama de "sentimento oceânico". Imagine um indivíduo desesperado, desgarrado de seu grupo social, sem uma forte identidade psicossocial cuja vida perdeu o sentido, ao ser acolhido em um grupo fanático, recebe mensagens confortadoras, do tipo: "nós amamos você", "você é muito importante para o projeto de Deus", "você faz parte de nossa vida", "Deus te ama", etc. Diz P. Demo (2001) "o sentimento de ser amado, move o entusiasmo mais do de qualquer coisa".
Faz parte da estratégia para atrair pessoas para novas seitas e igrejas, investir em programas produzidos para solitários que sofrem insônia e depressão nas madrugadas. Os desesperados sentem-se acolhidos com tais palavras mágicas e facilmente se sentem inclusos e maravilhados pela ilusão de nova vida e sentimento extremo de felicidade, numa igreja em que o fanatismo é o seu ponto cego.
Todo fanático é intolerante.
O fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes. Um evangélico fanático é incapaz de diálogo e respeito para com um católico ou um budista. Um fanático de direita não quer diálogo com os de esquerda. Organizações como a Ku Klux Klan são intolerantes igualmente com negros adultos, mulheres e crianças. Por isso se diz que há em cada fanático um fascista camuflado, pronto para emergir em atos de exclusão e eliminação.
O semiólogo e filósofo italiano, Umberto Eco, reconhecem que o protofascismo está presente nos movimentos fanáticos No campo político, não importa auto denominar-se de "esquerda" ou de "direita" pode existir um protofascismo. No fundo os atos terroristas são produzidos e sustentados por fanatismos de inspiração místico-fascista incapazes de diálogo ou argumento racional que esclarece sua causa objetiva. Não é sem sentido que os atos terroristas deixaram de dizer algo pela palavra e passaram a ser apenas o ato, o acting out. S. P. Rouanet diz que "os terroristas são agentes de uma ideologia religiosa extrema direita... que funciona como ópio do povo..." (A coroa e a estrela, FSP, Mais!, 18/11/01)
O fascismo, tanto o de Estado dos fundamentalistas religiosos, como o que está pulverizado nos atos do cotidiano das relações humanas, é fanático porque desrespeita, desconsidera, é intolerante quanto ao modo de ser, pensar e agir do outro, é tradicionalista-fundamentalista.  Enquanto o fascista "quer o poder pelo poder", há o fanático "autêntico" que anseia dominar o mundo com sua crença, e o "fanático terrorista" que "deseja apenas destruir a estrutura de sustentação do inimigo". Mas, ambos, o fascismo e o fanatismo não são compatíveis com a democracia. Ambos pregam intolerância multi religiosa, a intolerância multicultural e multirracial e usam o espaço de liberdade democrática para espalhar o seu ódio e sua crença.
O sentimento que no fundo sustenta o fanatismo e o fascismo não é a fé, nem o amor [Eros], mas o ódio [Thanatos] e a intolerância. O desejo do fanático "autêntico" é dominar o mundo com seu sistema de crença cheio de certeza. No plano psíquico, o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade. Certa dose de paciência doutrinada o faz esperar-agindo para que a "idade de ouro puro" possa um dia acontecer. 
São tão fanáticos os terroristas-suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte-americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbe o ensino da teoria evolucionista de Darwin, obrigando aos professores ensinarem a doutrina criacionista tal como está na Bíblia, ou ainda, os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas ou os bascos que querem ser um país independente a qualquer preço, por meio do terror.
Alguns personagens "messiânicos" de nosso tempo, como Hitler, Idi Amin, Reagan, G. W. Bush, Sharon, os grupos dos martírios suicidas do Oriente Médio, entre outros, tem algo em comum: cada um se sente o escolhido para cumprir uma especial missão. Hitler discursou que "as lágrimas da guerra preparariam as colheitas do mundo futuro". G. Bush, na sua ânsia de guerra contra o ditador S. Hussein, não estaria delirando na mesma linha? Não é sem sentido que os EUA tem sido o solo fértil de seitas cristãs fanáticas. Uma delas, A Casa dos Filhos de Jeová, torce pelo mundo se acabar logo, porque seus membros acreditam que depois surgirá uma nova civilização do Bem.

Fanáticos e suicidas carecem de humor:

O fanatismo parece ser uma doença contagiosa, pois tem o poder de atrair adeptos geralmente em crise profunda de vida pessoal. Fanáticos e suicidas tem em comum a falta de humor e o desapego pela própria vida. A certeza cega tira-lhes o humor e os colocam no caminho do sacrifício místico.
O escritor e pacifista israelense, Amós Oz., numa carta ao escritor japonês Kenzaburo Oe, Prêmio Nobel de 1994, escreve ter encontrado a "cura para o fanatismo": o bom humor. Diz que: "nunca vi um fanático bem-humorado, nem alguém bem-humorado se tornar fanático". Oz. imagina uma forma mágica de prevenir o fanatismo: um novo tipo de messias que "chegará rindo e contando piadas".
Emil Cioran, um filósofo amargo e pessimista, vê nas atitudes dos céticos, dos preguiçosos e dos estetas, os únicos que verdadeiramente estão a salvo do fanatismo. Já os religiosos estreitos, os políticos sectários, os dogmáticos que habitam em todas as áreas do conhecimento, tendem ao fanatismo com seus instrumentos próprios. O fanático jamais se pensa ser fanático.
Enfim, é preciso estarmos atentos e preparados para resistir os apelos do fanatismo que como erva daninha não escolhe lugar para germinar e se alastrar. Os grupos fanáticos exercem um atrativo para os indivíduos que possuem uma estrutura psíquica vulnerável, os desesperados, os desgarrados, os avessos ao espírito crítico ou predispostos à crendice, ao desejo de encontrar uma certeza e a se "contentar-se com pouco" na terra, porque ele tem certeza de que ganhará na suposta vida após a morte. Tanto o fanatismo como a guerra estão entre as situações que se encontram na contramão da sabedoria.

Para prevenção do fanatismo:

Freud, como pensador evolucionista, pensava que só quando a civilização ascendesse à maturidade psíquica é que descartaria os mecanismos infantis ou alienantes cuja matriz é a religião. Segundo o fundador da psicanálise, a religião infantiliza as pessoas e as arrasta ao delírio de massa. O homem não poderia viver nesse estado de infantilismo para sempre, daí a urgente necessidade de um projeto de uma "educação para a realidade", que fortaleceria a vida intelectual, facilitando o acesso de todos ao conhecimento científico, por ser este verdadeiro. Ademais, a religião não fez e nem faz as pessoas felizes, mas, dá-lhes uma ilusão de felicidade; sem dúvida, ela tem o poder de controla os impulsos primitivos psicossexuais e proporciona alguma direção moral, que costuma ir além do necessário, ou seja, reprimindo o potencial criativo ou de prazer genuíno das pessoas.
Amós Oz., o escritor pacifista, sugere a criação de escolas em todo o mundo da disciplina "fanatismo comparado". Tal disciplina não apenas serviria para entender os fanatismos: religioso, nacionalista, racial, político, desportivo, mas também outros que passam despercebidos, como o "antitabagista" que poderia queimar os que fumam, o "vegetariano" que comeria vivo quem come carne, "o ecologista" que prefere salvar as baleias às pessoas famintas, etc. Uma disciplina como essa, teria uma função mais que educativa, teria uma preocupação preventiva quanto à possibilidade de "contágio" social do fanatismo, já que pode pegá-lo ao tentar curar alguém desse mal. "Conheço o perigo de se tornar um fanático antifanatismo", alerta o escritor.
Concluindo, resumimos que, previne-se o fanatismo com uma educação de boa qualidade, que saiba promover a cultura geral - mais do que a fé - e o sentido de grupo, de criatividade e humor.


Referências bibliográficas
ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência. São Paulo: Loyola, 2001
BECKER, S. A fantasia da eleição divina; Deus e o homem. Rio de Janeiro: C. de Freud, 1999.
CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. Porte Alegre: Artes Médicas, 1995.
CIORAN, E. Genealogia do fanatismo. In: Breviário da decomposição. Rio de Janeiro: Rocco, 1989, p.11-100.
DEMO, P. Dialética da felicidade; felicidade possível. V. 3. Petrópolis: Vozes, 2001.
ECO, U. A nebulosa fascista. In: Folha de S. Paulo – Mais!, 14/05/95.
ENZENSBERGER, H. M. Paranóia da autodestruição. Folha de S. Paulo - Cad. Mais! 11/11/2001, 5-7.
FREUD, S. [1911] Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (dementia paranoides). Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XII p. 15 -105.

domingo, 21 de agosto de 2011

CEGOS DE NASCENÇA.

                    O ser humano tentando entender Deus é como um cego de nascença tentando entender o fogo. Para o cego faltam sentidos e referencias para compreender o fogo. Para o homem faltam sentidos, referencias e inteligência para compreender a grandeza que arquitetou e rege as leis físicas, químicas, biológicas, quânticas do universo.
Somos apenas uma célula na formação do universo. Movida por uma “energia inteligente” que alguns chamam de espírito querendo compreender o todo. Somos uma gota de água querendo compreender o oceano. Somos como um microscópico verme intestinal tentando compreender a inteligência do nosso hospedeiro. Somos a mínima parte achando que podemos compreender ou até superar o todo.
                Infelizmente nos falta humildade para percebermos como somos pequenos e medíocre, vivendo em um planetinha comparado aos trilhões de estrelas de uma pequenina galáxia em relação aos 100 bilhões de galáxias que estimamos existir através da nossa ainda pobre ciência, que se julga dona do saber e das grandes criações.
              A bíblia nada mais é do que uma tentativa de traduzir uma verdade suprema e elevadíssima para uma sociedade primitiva que viveu á 2000 anos. Para se fazer compreender foi preciso  um vocabulário bem simples e rude de acordo com o entendimento na época, usar poesias, parábolas, historinhas de Adão e Eva para que pudessem ser assimilada pelas mentalidades limitada, cheia de preconceitos, orgulho, egoísmo e vaidades. Infelizmente hoje nem todos são capazes de “traduzir” as verdades que foram escritas de forma simbólica. Hoje chega a ser piegas, ridículo e brega tudo que se lê na Bíblia e em qualquer escritura dita sagrada dos povos antigos. O problema esta em nós. Na nossa incapacidade de perceber a nossa pequenez e limitações para compreender o mecanismo que movem o universo e a vida.
            Deus não castiga ninguém. Nós é que não prestamos atenção na existência da lei universal de causa e efeito. Para tudo existe uma causa. E para toda causa existe um efeito. Nossos atos geram conseqüências futuras. Atos negativos geram conseqüências negativas, atos positivos geram consequências positivas. E somos mais propensos aos atos negativos, daí se explica o caus que hoje vemos a humanidade.
           Nada no universo desaparece. Os átomos que compõem nosso corpo estão presentes na Terra e no Universo desde a sua formação (do pó viemos ao pó voltaremos). Um dia estes átomos retornarão a sua origem formando outros seres. No mundo nada se destrói tudo se transforma. Da mesma forma a energia que compõe a nossa mente e nossa inteligência não poderá desaparecer com nossa morte. Ela continuará existindo por toda a eternidade, somos parte de um todo, e não uma individualidade no UNIVERSO.
          E da mesma forma que todas as energias do universo buscam o equilíbrio, a estabilização e a perfeição, nossa energia mental (o espírito) não é diferente, continuará existindo em busca do equilíbrio e da evolução através da sabedoria e da transformação moral-espiritual. Para atingirmos a superiorideda precisamos vivenciar e nos transformar. De nada adiante o conhecimento sem vivencia e prática. É para isto que existe a vida, ou as vidas que iremos animar pela eternidade, não só no planeta Terra, mas em outros sistemas com vida equivalente ao nosso nível evolutivo.
        Temos o livre arbítrio. Fazemos nossas escolhas livremente e pagamos o preço pelas escolhas feitas e na maioria das vezes pagamos caro!!! Todos nós temos liberdade de acreditarmos em um modelo de realidade, Ou de ver a vida pela janela que nos seja mais favorável e ou agradável!!!
Se a verdade universal fosse um ELEFANTE, a humanidade seria formada por grupos de cegos que em conjunto e através do tato tentariam descobrir e descrever esse elefante para os demais. Dependendo da posição em que se encontram cada um dos grupos o elefante pareceria uma coisa diferente.
       Temos dois grandes grupos tentando compreender este elefante que é a verdade universal.
Um é o grupo formado pelas ciências.
O outro é o grupo formado pelas religiões.
Todos falam da mesma coisa, só que de forma diferente.
Ninguém tem a verdade absoluta, pois todos possuem apenas um fragmento da verdade.
Somente com a união da humanidade, de todas as ciências e religiões que poderemos um dia montar o grande quebra cabeça que é a verdade universal, a inteligência que foi a causa de tudo que conhecemos.                                                               ANGELA SILVA.

 
        Contam que, uma vez, se reuniram os sentimentos e qualidades dos seres humano em um lugar da terra.
Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou: Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo. O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou convencendo a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar.
A VERDADE preferiu não esconder-se, para quê? Se no final todos a encontravam?
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não arriscar-se.
- Um, dois, três, quatro... - começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.
A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos - se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA; se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ; se era o voo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA; se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim, acabou escondendo-se em um raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris), e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO, não recordo-me onde escondeu-se, mas isso não é o mais importante.
Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.
- Um milhão - contou a LOUCURA, e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra. Depois, escutou-se a FÉ discutindo com Deus no céu sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido encontrou a INVEJA, e claro, pode deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede, e ao aproximar-se de um lago descobriu a BELEZA.
A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.
E assim foi encontrando a todos.
O TALENTO entre a erva fresca; a ANGÚSTIA em uma cova escura;
a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano);
e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.
A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha do planeta, e em cima das montanhas.
Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.
A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra: O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Consciência Universal - Uma Globalização Planetária



  
Depois de 15 bilhões de anos e alguns milhares de civilização, aqui estamos nós. Desde o Big Bang, a evolução continua, criando sempre estruturas mais complexas, das quais somos o mais belo expoente, rumo a uma consciência universal.
As partículas, os átomos, as moléculas, as macromoléculas, as células, os primeiros organismos, as populações, os ecossistemas, e por fim o homem... A evolução continua, mas desta vez é, sobretudo técnica e social. A cultura tomou o testemunho. Estamos num ponto de viragem da história análogo ao do surgimento da vida. 
Após as fases cósmica, química e biológica inauguramos o quarto capítulo do grande livro da vida, em que a humanidade será protagonista no terceiro milênio. Acedemos a uma consciência de nós próprios, que se tornará coletiva. 
Dizemos, com toda a modéstia, que estaremos a criar uma nova fórmula de vida: um macro organismo planetário englobante do mundo vivo e produções humanas. Seremos as células, e ele também evolui. Tem o seu sistema nervoso próprio, no qual a Internet é um embrião, e um metabolismo que recicla os materiais. Este cérebro global, criado de sistemas interdependentes, une os homens à velocidade do iletrado, revolucionando, assim, as imensas trocas culturais, intelectuais e morais. 
Não sendo uma seleção natural, mas sim culturais as nossas invenções e a nossa nova consciência são as mutações darwinistas. No entanto, esta evolução técnica e cultural progride muito mais rapidamente do que a evolução biológica de Darwin. O homem cria novas "espécies"; o computador cria os satélites, a televisão, a rádio, o telefone, o avião... 
Agora, é o homem que faz a seleção darwinista; não observamos o mercado, que selecionar, elimina e  faz a escolha dos mais aptos e capazes, das novas "espécies"? A grande diferença é que o homem pode criar, no abstrato, tantas "espécies" quantas desejar. Esta nova evolução desmaterializa o homem. Entre o mundo real e o imaginário, o homem inclui um novo mundo - o virtual -, que lhe permite elaborar e testar objetos e máquinas que ainda não existem, bem como explorar universos artificiais. Para  espanto de todos nós, ou não, esta evolução cultural segue a mesma lógica da evolução natural das espécies. 
A complexidade segue a sua obra, mas libertando-se, a pouco e pouco, do pesado fardo da matéria. De certo modo, reencontramos o Big Bang, a explosão de energia, muito semelhante ao inverso do «ponto ômega», sendo uma implosão do espírito liberto da matéria. E se abstraíssemos o tempo poderíamos confundir os dois.  
O homem deve ainda aperfeiçoar-se muito mais. Quando as células se associam, alcançam uma individualidade muito maior do que se estivessem isoladas. A fase do macro - organização comporta um risco de homogeneização planetária, mas também germes de diversificação. Quanto mais o planeta se globaliza mais se diferencia. 
As metáforas mecânicas, as engrenagens, os relógios, dominaram o início do século. São agora as metáforas dos organismos as mais pedagógicas, na condição de não as tomarmos à letra. O organismo planetário que criamos exterioriza as nossas funções e os nossos sentidos: a nossa visão pela televisão, a nossa memória pelos computadores, as nossas pernas pelos transportes... Mas mantém-se de pé a grande questão: iremos viver em simbiose com esse organismo planetário ou tornar-nos-emos parasitas destruidores do hospedeiro, o que nos atiraria para graves crises econômicas, ecológicas e sociais?
Atualmente drenamos, em proveito próprio, recursos energéticos, informações, materiais; e segregamos dejetos no meio ambiente, empobrecendo constantemente o sistema que nos sustenta. Somos parasitas de nós próprios, dado que algumas sociedades industrializadas travam o desenvolvimento das outras.  
Se continuarmos na via atual, acabaremos parasitas da Terra. 
Num organismo existe um sistema de alarme e de cura. Se o organismo se ferir, o corpo inteiro é mobilizado. É imperioso criar um sistema análogo para o planeta. A ONU, e as inúmeras associações humanitárias, já são esboços desse sistema, mas precisamos ir muito mais longe. Aí está o papel catalítico da moral. Se soubermos que existe um ente superior, que nos rege e orienta que a vida continua (a morte não existe), que nascer é um fato irrefutável, que a lei de causa e efeito é uma realidade, e se conhecermos donde vimos,  para onde vamos e o que fazemos aqui, muitos de nós teremos comportamentos diferentes perante a sociedade e o planeta.  
Ora, a importância da moralização está aí... 
Hoje, não faz qualquer sentido, embora seja de louvar algumas atitudes, por parte dos ecologistas e de todos aqueles que procuram defender o planeta do homem,  encerrar a variedade dos seres em guetos, para criar reservas. Quando vemos os bosquímanos, ou ameríndios, relegados para o que chamamos, muito cruelmente, «reservas», perguntamos quem somos nós para termos tal atitude, indigna de um ser humano. Não serão essas prisões ou reservas pequenas ilhas que nos oferecemos para nosso belo prazer, até fazendo excursões turísticas para vermos nossos semelhantes? Pensamos que estas populações não têm outra solução, como vemos ao longo da história, que não seja misturarem-se, genética e culturalmente, conosco, ou então desaparecerão.  
Hoje, observando os ainda ma sai - tribo africana,  das margens da caldeira de N’gorongoro -, que passam a vida no meio dos leões, rinocerontes, búfalos, etc., todos eles bichinhos não especialmente ternos, compreendemos que se pode viver em paz com todos, e com o meio.  
Não deixemos que a nostalgia e a petulância nos invadam a mente. Pensemos isso sim, na importância de encontrarmos, em conjunto, a harmonia e o equilíbrio entre a Terra e a tecnologia, e entre a ecologia e a economia, para assim evitarmos crises. Deveremos observar e estudar as lições que nos dá o conhecimento sobre a evolução da complexidade. Compreender a nossa história pode dar o recuo necessário, um sentido ao que fazemos, e maior sageza. É inegável o crescimento de uma inteligência coletiva, num humanismo tecnológico. Aí está a moralização para corroborar, ensinando, esclarecendo e amando. 
Cada vez mais estamos prestes a perder a diversidade: a cultura humana torna-se cada vez mais homogênea, o mundo torna-se global, o planeta menor. As pessoas viajam muito, quer física quer virtualmente. Misturando-se, desta forma, a cultura dá-se o fenômeno da aculturação. O homem acumula um conhecimento crescente, progride para um maior saber, uma maior liberdade, para uma cultura mais complexa. Seguimos a mesma lógica da matéria e da vida. A nossa história tem um sentido, uma lógica; não acreditamos nem na contingência nem no acaso, que aos olhos de alguns cientistas só parecem intervir quando estudam períodos muito curtos. 
As sociedades humanas organizam-se cada vez melhor. A pouco e pouco temos a consciência do meio ambiente que nos rodeia e de nós próprios. Vejamos a ONU. Estes organismos têm conhecido inúmeras dificuldades. Considerando-se, porém, a coisa com o devido distanciamento descobre-se que o homem tomou consciência da sua condição mundial em apenas 70 anos; o que é isso, comparado com a nossa história? 
A humanidade atual já chegou a um certo nível de reflexão, embora nos pareça muito jovem. Numerosas dificuldades do nosso tempo provêm do fato de muitas populações terem apenas uma informação muito reduzida do mundo; mas a providência divina não deixa as coisas entregues ao acaso, já que o acaso não existe. 
No limiar deste século o homem inventou duas maneiras de se autodestruir: o excesso de armamento nuclear, atômico e biológico, e a deterioração do ambiente. 
Atualmente, coloca-se uma questão: estaremos capacitados para coexistir com o nosso próprio poder? Se a resposta for não, a evolução continuará sem nós. Como Sísifo, teremos levado o rochedo até ao alto da montanha, para logo de seguida o deixarmos escapar. É um pouco ridículo, não é? Temos de ter plena consciência da gravidade da situação presente, mantendo, contudo, o otimismo. Temos de deitar  mão a todos os nossos recursos, intelectuais, culturais, tecnológicos e, sobretudo morais, para salvar o planeta, antes que seja tarde. Somos os responsáveis pelos danos causados, quer ativo quer passivo, e também seus herdeiros. É a nós que compete fazer com que este delicioso planeta continue vivendo, mas e  com saúde. 
Estão reunidos todos os meios para que possamos (praticando primeiro) transmitir que a fraternidade é, e será, a pedra angular da felicidade humana e planetária.  
Então regeneremo-nos, senão seremos como Sísifo.  
Sejamos espiritualizados, no verdadeiro sentido da palavra. À hora é de unidade fraternal - o saber amar. 
Terminamos com uma mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco, na Associação Cultural Espiritualista de Vi seu,  em Maio de 1993, pelo espírito do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes: «(...) Aqui estamos, em nome dos espíritas do Brasil e de Portugal, pelo laço da fraternidade, para dizer-vos que antes de encarnardes vos comprometestes com a construção da era nova e de um mundo melhor. “Obreiro da fé renovada vá adiante, confiantes e felizes, e o Senhor irá convosco.»
(Artigo Reproduzido com autorização da ADEP)

sábado, 6 de agosto de 2011

SÓ A VERDADE LIBERTARÁ.




Dizem muito sobre os falsos profetas, enquanto os próprios dormem em aposentos suntuosos, ao abrigo do frio, e da fome, usufruindo de todos os luxos que o dinheiro proporciona, fingem não saber quantos milhares vivem na miséria, dividindo o mesmo templo de oração. Esquecem que todos são iguais na balança divina; e que somente as virtudes os  distinguem  aos olhos de Deus. Todos são da mesma essência,  todos os corpos foram feitos da mesma massa, vossos títulos e vossos nomes e dinheiro em nada os diferenciam dos demais; ficarão no túmulo; não são os tesouros que darão a felicidade prometida aos eleitos, a honestidade e a consciência moral esses são os  verdadeiros  títulos de nobreza na Terra e no Céu, são os tesouros que as traças não corroem, dito pelo  Cristo.
Será preciso que o Cristo volte novamente a Terra  para relembrar aos homens as tuas leis? Parece que esqueceram!... Deverá ele  expulsar novamente os comerciantes, que maculam sua casa,  ambiente esse que deveria ser de orações e não de  conquista e acumulo de riqueza?  É quem sabe? E se ELE nos concedesse essa graça, será que não será  renegado novamente, como aconteceu no passado? Será que não o acusará de blasfemo, por vir abater o orgulho e a ganância dos fariseus modernos?  Não o faria seguir de novo o caminho do calvário da atualidade?
Quando Moisés subiu ao Monte Sinai, para receber os mandamentos da Lei de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o verdadeiro Deus, homens e mulheres entregaram seu ouro, para a fabricação de um ídolo para adorarem. Civilizados!...  Estão fazendo o mesmo que eles.  O Cristo vos deixou a sua doutrina, vos deu o exemplo de todas as virtudes morais, e  abandonaram os preceitos cristãos. Cada um, carregando as suas paixões, fabricou um deus de acordo com a sua vontade, para uns terrível e sanguinário; para outros, indiferente e esquecido das dores humana e distante dos verdadeiros valores espirituais, voltado somente para aquisição de bens materiais. O deus que adoram é ainda o bezerro de ouro, que cada qual apropria aos seus gostos, idéias e necessidades.
  Vemos hoje a calamidade causada pela alienação que amontoaram nas mentes humanas, enfraquecidas pela dor e a necessidade  humana. Esses fanáticos gananciosos desprezaram a santa e divina moral, e lançam a taça da iniqüidade e da irresponsabilidade a transbordar por todo canto do mundo. Esqueceram que o amor e a misericórdia de Deus independem de dinheiro ou do luxo, Deus quer saber é do que  vai na alma, e no coração de cada criatura, sua intenções e vontade. Deus é Pai em qualquer lugar ou posição social que estejam seus filhos, desde que viva dentro de uma conduta moral digna de testemunhar sua Filiação Divina.  Não existe felicidade, sem mútua benevolência, e só existe uma solução, é a única e infalível: tomar a lei da boa conduta moral por regra invariável de convivência, essa lei que muitos rejeitam ou falseiam  na sua interpretação.
Bem diferente seria, entretanto se essa contravenção religiosa: enriquecer a custa da fé e da dor alheia fosse caçada e condenada pela opinião pública, como várias outras existentes no nosso país. Mas a omissão é indulgente para tudo quanto interessa os líderes do poder, séculos de hipocrisia e dinheiro sobrepõe-se ao amor e a fé em Deus, a moral e razão humana. Cada qual só deseja está superior ao seu próximo, com isso o mundo sofre as consequências dessa alienação fanática e doentia, dificultando a compreensão, por uma parcela muito grande da população, gerando tensões, inseguranças, estresses, temores, rivalidades e competições, desleais entre indivíduos, instituições e países. Esses fatores, associados ao medo indiscriminado, a insegurança generalizada, leva ao desespero existencial; que sem uma sólida estrutura moral e sem um conceito de ética formado, leva-os a uma fé cega  que coloca essas pessoas nas mãos de indivíduos sem escrúpulos e organizações contraventoras,  que abusam dos de boa fé em nome da obra de Deus.

"O cristão sério crê. Ele crê porque compreende, e só pode compreender recorrendo ao raciocínio"
Quantas pessoas estudam, formam-se, simplesmente com ensinamentos alheios, e nunca procuraram entender o porquê de tal fato? É a fé que têm naqueles que sabem. É a confiança naqueles que já acreditaram naqueles que lhes ensinaram o aprendizado para a vida. E é a crença de que as pessoas de bem não vão passar iniquidade aos seus prepostos, ou alunos, ou seguidores, sobre qualquer coisa que crie descrença nos seus ensinamentos. A fé se consolida melhor quando os seus seguidores, alunos, ou qualquer outro tipo de seguidor, possa pensar um pouquinho mais, e de dentro de si tenha condições de autocrítica, fortificando a verdade, e aumentando a sua confiança naquilo que já se crê, não materialisticamente, porém, dentro da lógica, da coerência e seqüêncialidade de raciocínio.
Angela Silva

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

OS MAIAS APONTAM 2012 COMO O FIM DE UM CICLO NA TERRA.

Um dos mais antigos povos da América Central, os Maias destacam-se até hoje por sua organizada estrutura de ciência, história, arte e religião. Das várias profecias feitas por esse povo, há mais de 5 mil anos, a que mais chama a atenção de cientistas e filósofos de todo o mundo é a exatidão e o mistério contidos no calendário maia, que cita o ano 2012 como um ano-chave para mudanças em nosso planeta e o fim de um ciclo. No entanto, as sete profecias que marcam a civilização maia trazem, acima de tudo, esperança e conscientização.
Os maias acreditavam que a nossa Galáxia segue um ciclo imutável, o que pode e deve ser mudado é a consciência da humanidade rumo à evolução. Eles apontam que sua civilização era a quinta iluminada pelo Sol, ou seja, estavam no quinto grande ciclo solar e, por conseqüência, outras quatro já haviam passado pela Terra e foram destruídas por desastres naturais.
Os maias previram que o Sol mudará a sua polarização em 22 de dezembro de 2012, após receber um raio sincronizado com origem no centro da Galáxia, um raio que dará origem a explosões solares iniciando a transformação do planeta. Desse modo, uma nova era terá início: o sexto ciclo solar. Os maias relatavam que esse fenômeno acontece a cada 5.125 anos (de acordo com estudiosos e pesquisadores, o início deste ciclo solar se deu no ano 3113 a.C.) e que a Terra será afetada pelo Sol devido a uma mudança no seu eixo de rotação.
As Sete Profecias Maias dizem que a civilização baseada no medo será transformada através das vibrações de harmonia. Mas essa transformação só ocorrerá para quem assim o desejar, será algo pessoal. Os maias não falam em fim do mundo, mas em um processo de transformação em que o espírito ganhará em sua jornada de evolução a esferas mais altas.

As sete profecias que resumimos abaixo, aparecem para ajudar a humanidade a ter uma atitude de mudança individual, em que todos deverão almejar a compreensão de sua integração com tudo o que existe.

 
A primeira profecia : É o princípio do tempo não-tempo, que teve início em 1992. Nessa data, o homem começou a fazer mudanças em suas atitudes e consciência, abrindo sua mente a tudo o que existe. Este é um período de 20 anos de duração, no qual a humanidade entra em um período de grande aprendizado e transformação. Após sete anos (a partir de 1999) começa um período de escuridão, em que cada indivíduo se auto-analisará. O homem estará como em um grande salão de espelhos; o materialismo será deixado para trás e inicia-se um processo de libertação do sofrimento.
A segunda profecia : Afirma que a resposta a tudo está dentro de cada indivíduo e que seu comportamento determinará seu futuro. Confirma que, a partir do eclipse solar de 11 de agosto de 1999, o comportamento da humanidade terá grande transformação. Os maias afirmam que os homens facilmente perderão o controle de suas emoções ou conhecerão sua paz interior. Também indicam que a energia que é recebida do centro da Galáxia causa um aumento na vibração do planeta e das ondas cerebrais, alterando pensamentos, comportamento e sentimentos. Esta profecia sugere dois caminhos: um de compreensão e tolerância e outro de medo e destruição. O caminho a seguir será escolhido por cada um.
A terceira profecia : Aponta uma grande mudança na temperatura, produzindo transformações climáticas, geológicas e sociais em uma magnitude nunca antes vista e em incrível rapidez. Uma delas será decorrente do próprio homem, devido à sua falta de consciência em cuidar e proteger os recursos naturais do planeta, e as outras geradas pelo próprio Sol, o qual intensificará sua atividade pelo aumento das vibrações.
A quarta profecia : Relata que a conduta antiecológica do ser humano e o aumento da atividade solar causarão o derretimento dos pólos. A Terra estará apta a se recompor, porém com mudanças na composição física dos continentes. Os maias ainda apontam que, de acordo com seus estudos, a cada 117 giros do planeta Vênus, o Sol sofre novas alterações com grandes explosões e ventos solares, o que coincide com o final deste ciclo.
A quinta profecia : Todos os sistemas que se baseiam no medo sofrerão uma drástica mudança junto com o planeta e o homem passará por uma transformação para dar caminho a uma nova e harmônica realidade. Os sistemas falharão e o homem terá de olhar para si a fim de encontrar uma resposta para reorganizar a sociedade e continuar o caminho à evolução, que o levará a entender a criação.
A sexta profecia : Mostra que nos anos finais aparecerá um cometa cuja trajetória pode pôr em perigo a existência do homem. Essa cultura de considerar o cometa como um agente de mudança vem pôr movimento ao existente equilíbrio, permitindo a evolução da consciência. Para os maias, Deus é a presença da vida, apresenta variadas formas e está em tudo.
A sétima profecia : Esta profecia aponta que, entre os anos 1999 e 2012, uma luz emitida do centro da Galáxia sincronizará todos os seres vivos e permitirá que voluntariamente iniciem uma transformação interna que produzirá novas realidades. Os maias mencionam que cada um terá a oportunidade de mudar e quebrar suas limitações, criando uma nova era, em que a comunicação será pelo pensamento. Os limites desaparecerão, uma nova era de luz e transparência terá início e as mentiras desaparecerão.

Fernando Malkun Rojas – O Calendário Maia